Temos observado que a iminência da volta de Jesus constitui-se num dos principais sustentáculos de afirmação dentro do modelo pré-tribulacionista. De acordo com o dicionário, iminente significa "aquilo que está para vir; que ameaça acontecer brevemente; que está em via de efetivação imediata ou muito próxima".
A base central do raciocínio pré-tribulacionista é que nenhum evento específico precisa ocorrer antes do arrebatamento, já que aqueles que deveriam ocorrer já tiveram lugar, colocando o arrebatamento como um evento que pode concretizar-se a qualquer momento já em nossos dias.
Para que você tenha uma visão mais abrangente do assunto, analisaremos detalhadamente as principais passagens em questão, com o objetivo de mostrar que realmente num determinado momento no futuro a vinda do Senhor será iminente, porém, a iminência atual dessa vinda, tal qual ensinada pelo pré-tribulacionismo, não encontra suficiente respaldo bíblico, como veremos a seguir.
BASES PRÉ-TRIBULACIONISTAS
Em Mateus 24:36,42,43 e 44 diz:
"Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai...Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis".
Esta é uma das principais passagens usadas no modelo pré-tribulacionista para afirmar que o arrebatamento poderá ocorrer a qualquer momento. Realmente, tomados fora do contexto, esses versos aparentam ensinar isso.
O problema desse raciocínio pré-tribulacionista, no entanto, é que o contexto nos mostra que Jesus estava falando da sua vinda em glória e vista por todo o mundo e não de uma hipotética vinda não mencionada em Seu sermão profético.
De acordo com o próprio Mestre, a única vinda descrita detalhadamente em seu sermão no Monte das Oliveiras, ocorrerá logo após a grande tribulação (Mateus 24:29-31), e será precedida de uma série de sinais previamente detalhados por Cristo. Ele profetizou o arrebatamento dos escolhidos logo após a tribulação (Mateus 24:31).
Em seguida, Ele proferiu a parábola da figueira, mostrando aos discípulos como deveriam aguardar todos aqueles sinais profetizados: "Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas". (Mateus 24:32-33).
No texto acima, Jesus deixa claro que o servo do Eterno deve esperar pelo cumprimento de todos os sinais profetizados por Ele, os quais ocorrerão antes da sua volta, quebrando todo argumento a respeito da iminência atual da volta de Jesus.
Essa volta e o subsequente arrebatamento dos escolhidos, não ocorrerá a qualquer momento e sim após o cumprimento integral da palavra da Jesus a respeito dos sinais dos últimos tempos.
Presumir que em Mateus 24:36-44 Jesus ensina a respeito de um arrebatamento que poderá ocorrer a qualquer momento, sem a concretização prévia de todos os sinais profetizados pelo próprio Mestre, é presumir que Ele estava falando de uma vinda não revelada no sermão profético e, ao mesmo tempo, é desconsiderar o aviso dado pelo Mestre, de observar todos os sinais, inclusive a abominação desoladora e a grande tribulação (Mateus 24:33).
Consequentemente, quando Jesus prossegue e diz aos seus interlocutores (discípulos) que era impossível saber o dia e a hora da sua volta e que eles deveriam vigiar porque não sabiam a que hora haveria de vir o Senhor, Jesus não poderia estar referindo-se a uma vinda sem sinais prévios, pois isso iria contra todo o contexto do capítulo 24 de Mateus, que aponta apenas para uma vinda, e os sinais profetizados anteriormente por Ele.
Existe apenas um momento fixado por Jesus, a partir do qual poderemos afirmar que a vinda do Senhor é iminente: após a concretização dos últimos sinais profetizados no sermão profético do Monte das Oliveiras.
O único momento em que Jesus ensina aos seus discípulos a esperarem uma vinda iminente está no versículo 33, quando após o cumprimento de todos os sinais, que serão vistos (vividos) pelos fiéis, então somente a partir desse momento a sua vinda estará "próxima, às portas". Os últimos sinais estão descritos em Mateus 24:29-31:
"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória".
A PARÁBOLA DA FIGUEIRA
A maior parte dos pré-tribulacionistas tende a interpretar a expressão "todas as coisas" do versículo 33 não como uma referencia a todos os sinais profetizados por Cristo e sim como uma alusão à figueira mencionada no texto. Para os mesmos, a figueira é a nação israelita e através dessa interpretação, a volta de Jesus só seria iminente após a volta do povo judeu a sua terra, o que ocorreu em 1948.
Segundo essa linha de raciocínio, a partir daquele momento a volta de Cristo tornou-se "iminente". Essa argumentação, além de ser tortuosa e estar apoiada em suposições (Jesus em nenhum momento relacionou a figueira à nação israelense e sim à totalidade dos sinais preditos por Ele anteriormente), denota grandes incongruências, tais como:
1. Para que Israel voltasse à sua terra em 1948, foi necessário que a nação fosse dispersada da Terra Santa. Isso ocorreu no ano 70 d.C., durante a invasão dos exércitos romanos. Paulo escreveu todas as suas epístolas antes do ano 70 d.C., (ele foi martirizado no ano 66 d.C. no reinado de Nero), as mesmas epístolas que são citadas pelos pré-tribulacionistas para sustentar sua idéia de iminência.
Portanto, Paulo, um profundo conhecedor das profecias de Jesus, não poderia estar ensinando iminência antes da concretização dos eventos profetizados pelo Mestre, entre eles a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.
Então, podemos observar que o uso das epístolas paulinas para sustentar a idéia de iminência antes do cumprimento de todos os sinais profetizados, perde completamente toda credibilidade.
É claro que a Igreja primitiva e o próprio Paulo aguardavam a volta de Cristo já em seus dias, ou seja, eles esperavam que todos os sinais profetizados por Jesus se concretizassem no primeiro século, para livrá-los da tribulação e perseguição oficial (que eles relacionavam à grande tribulação profetizada por Cristo).
Havia uma tendência a relacionar o "filho da perdição" (anticristo) a certos imperadores romanos, entre eles Nero, Domiciano e Deocleciano. Eles esperavam que Jesus viesse para tira-los da tribulação e para derrotar o império romano, instaurando assim o seu reino na Terra.
Isso nos mostra que a Igreja primitiva cumpria aquilo que Jesus tinha ordenado: ver e observar os sinais. A única diferença é que eles esperavam o cumprimento total desses sinais já em sua geração.
Eles sabiam, por exemplo, que Pedro teria que morrer primeiro antes da vinda gloriosa de Jesus, pois o próprio Mestre profetizou como e com que idade ele morreria (João 21:18-19).
2. Outra questão geralmente esquecida é que no versículo 14 do capítulo 24 de Mateus, Jesus declara que o evangelho será pregado em todas as nações antes do Seu retorno. O evangelho não havia sido pregado a todas as nações antes da escrita do último livro do Novo Testamento.
Portanto, mais uma vez, toda utilização de versículos neotestamentários para sustentar que Jesus voltará a qualquer momento é temerária, em função da realidade dos dias atuais, onde muitos povos ainda não conhecem o evangelho!
Acreditamos que o cumprimento desse sinal só será realizado durante a tribulação com a diáspora dos verdadeiros cristãos ao serem perseguidos mundialmente.
Ao utilizar a parábola da figueira, o Mestre insta a seus discípulos a estarem atentos aos sinais profetizados por Ele. Ou seja, da mesma forma que, através da observação da figueira, eles podiam perceber quando o verão estava próximo (iminente), da mesma forma nós saberemos quando a vinda do Mestre estará próxima (iminente): após a concretização de todos os sinais (Mateus 24:33).
COMO UM LADRÃO NA NOITE
Nos versículos 43 e 44 de Mateus 24, Jesus relaciona a Sua volta à de um "ladrão na noite", termo que é abordado também por Paulo, Pedro e no Apocalipse:
"Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis".
Essa é uma das passagens mais usadas dentro do modelo pré-tribulacionista para sustentar a iminência atual do arrebatamento. Será que a volta de Jesus poderá nos surpreender, da mesma forma que a chegada abrupta e inesperada de um ladrão nos surpreenderia?
Mais uma vez, fazemos menção do contexto, sem o qual toda interpretação torna-se inexata. Lembremos que Jesus tinha dado aos discípulos uma série de sinais que antecederiam o rapto, que Ele próprio relacionou diretamente à sua volta em glória, vista por todos (Mateus 24:30-31). Jesus também lhes ensinou como deveriam esperar esses sinais e a partir de que momento a sua volta seria realmente iminente (Mateus 24:33).
Como já comentamos, fica bastante claro pelo contexto do capítulo 24 de Mateus, que Jesus, ao referir-se à sua volta como "ladrão na noite", estava falando de seu regreso em glória após a tribulação e não a uma volta oculta anterior à tribulação.
Então, surge a pergunta: se Jesus forneceu aos discípulos uma série de sinais que antecederiam a sua gloriosa volta, disse aos discípulos a partir de que momento essa volta seria iminente (após o cumprimento de todos os sinais), então, quem são esses que serão surpreendidos pela volta do Senhor, da mesma forma que alguém é surpreendido pela chegada de um inesperado ladrão à noite? Para quem a volta de Jesus será como um ladrão na noite? O apóstolo Paulo responde para nós essas questões:
"Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão na noite...Más vós irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão" ( I Tessalonicenses 5:2-4)
Jesus virá como um ladrão na noite para aqueles que não esperam a sua vinda! Os mesmos serão destruídos repentinamente, pois, mesmo em meio à grande tribulação, os homens em geral optarão por seguir os enganos satânicos, sendo ludibriados pela besta (II Tessalonicenses 2:9-10, Apocalipse 16:9).
Para o cristão, que deve estar atento para os sinais profetizados pelo Mestre, o arrebatamento não pode ser comparado à chegada abrupta de um ladrão à noite, até porque essa comparação não condiz com o relacionamento existente entre a Igreja e o seu noivo (Jesus). Cristo é o Senhor da Igreja e o arrebatamento será o encontro glorioso entre a Igreja e Jesus.
O ladrão sempre chega para tomar aquilo que não é seu. Jesus virá para arrebatar aquilo que é seu por propriedade eterna. Os verdadeiros servos do Altíssimo não estão "em trevas" para serem surpreendidos naquele grande dia.
Nós já fomos iluminados por Jesus a respeito de todos os sinais e sabemos a partir de que momento a sua chegada estará próxima, às portas: após o cumprimento cabal de todos os sinais profetizados pelo Mestre! (Mateus 24:33).
OS ÚLTIMOS SINAIS
O conceito de "iminência" antes do cumprimento dos sinais não é novo. Paulo, em sua segunda carta aos tessalonicenses, escrita no ano 52 d.C., corrige esse grande erro e nos fornece mais detalhes sobre eventos que ocorrerão antes da volta de Jesus e a nossa reunião com Ele (arrebatamento):
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição" (II Tessalonicenses 2:1-3).
Esses versículos nos ensinam verdades fundamentais, que anulam de uma vez por todas os conceitos de iminência da forma como são colocados no pré-tribulacionismo:
1. De acordo com o texto, dois fatos devem ocorrer antes da volta de Cristo e a nossa reunião com Ele (arrebatamento): a apostasia (desvio da verdadeira fé) e a manifestação do homem do pecado. Ambos sinais tinham sido profetizados anos antes por Jesus no Monte das Oliveiras na mesma ordem (Mateus 24:9-15).
Fica claro que Paulo estava citando em sua carta os mesmos sinais profetizados pelo Senhor 20 anos atrás, mostrando assim que todo ensino que defendesse a iminência da volta do Senhor antes da concretização desses sinais, deveria ser frontalmente rejeitado no seio da Igreja.
2. Paulo, ao referir-se ao "Dia do Senhor", não está falando da totalidade do período tribulacional e sim ao que os seus interlocutores conheciam e as Escrituras descrevem como "Dia do Senhor": o glorioso dia em que o Messias voltará como Rei, para destruir os inimigos do povo do Pai e instaurar o Seu reino de justiça (Joel 2:1-32, Zacarias 14:1-22, Isaias 13: 9-13).
Ao comparar Mateus 24:29 com Joel 2:31, vemos que os últimos grandes sinais que antecederão a volta da Jesus e a nossa reunião com Ele no Dia do Senhor, serão as comoções cósmicas: o sol convertendo-se em trevas, a lua em sangue (obviamente como conseqüência direta do fenômeno anterior), estrelas caindo do céu e elementos celestes sendo abalados.
Em Isaias 13:13, ao referir-se ao dia do Senhor, o profeta diz que a Terra se moverá do seu lugar. Notemos também a maravilhosa exatidão profética da palavra do Pai: em Joel, o profeta assinala que os eventos cósmicos em questão ocorrerão antes do Dia do Senhor. Jesus profetizou que após a grande tribulação e antes da sua vinda em glória para arrebatar os escolhidos, ocorreriam os fenômenos em questão.
Fica claro que, quando o pré-tribulacionismo toma a iminência da volta do Senhor já em nossos dias, sustentando que a mesma pode ocorrer a qualquer momento, se coloca numa posição biblicamente insustentável. A iminência, tal qual é ensinada em muitos lugares, não tem base alguma à luz da palavra profética.
Sem dúvidas, a volta do Senhor, a partir de determinado momento, será iminente, e essa é a volta que devemos esperar. Porém, antes é necessário que a palavra do Altíssimo, que não volta atrás, se cumpra em sua totalidade.
Somente após o cumprimento de todos os sinais preditos pelo próprio Mestre que voltará, é que nós poderemos esperar sua volta a qualquer momento. Isso não é difícil de entender. O apóstolo Tiago compara o tempo da vinda do Senhor ao lavrador que espera com paciência até receber as chuvas, as quais tornarão possível uma abundante colheita.
Porém, um experiente lavrador sabe que a chuva não ocorrerá a qualquer momento ou em qualquer estação. Há um tempo determinado para que o período de chuva comece a regar a terra. Também, há um tempo determinado para que os frutos apareçam após a chuva.
Da mesma forma, o Senhor Jesus nos fornece em seu sermão profético uma série de sinais, para que saibamos exatamente quando será o tempo e após que sinais sua vinda estará "próxima, às portas", ou seja, será iminente.
O DIA E A HORA
Um argumento geralmente levantado contra aqueles que esperam pelo arrebatamento no final da tribulação, se refere ao desconhecimento do dia e da hora da vinda de Jesus.
Tal argumento gira em torno do seguinte raciocínio: se o profeta Daniel oferece dados específicos para que saibamos quando se dará o fim das coisas (Daniel 12:7-13), então, teoricamente, qualquer um poderia calcular o dia da vinda de Jesus, indo contra o que o próprio Jesus determinou ao dizer que ninguém sabe o dia nem a hora de sua vinda, a não ser o Pai...
Logo, o arrebatamento não deve ocorrer por ocasião da vinda em glória... Analisando detalhadamente todas as implicações dessa questão, vemos que tal raciocínio não encontra muita base. Vejamos:
1. Quando Jesus fala do dia e da hora, o faz em relação a sua vinda em glória após a tribulação e não a uma vinda oculta e anterior à tribulação, como fica claro nos versículos anteriores. Cremos que Ele não poderia estar referindo-se a uma vinda oculta e anterior, simplesmente porque ela não é mencionada em nenhum momento do sermão profético!
Fica muito claro que o dia e a hora mencionados por Cristo, será o momento específico em que todo olho verá a sua volta, logo após a grande tribulação. Portanto, sugerir que Jesus, ao referir-se ao dia e hora, estava falando de uma vinda oculta e diferente da mencionada por Ele nos versículos anteriores, é ir contra a verdade bíblica e cair no terreno das suposições.
2. Com referencia às informações dadas no livro de Daniel e através das quais se poderia chegar a conhecer o dia da volta de Cristo em glória, devemos considerar um ponto importante. Note que Jesus usa o tempo presente somente neste momento do sermão profético. Ele afirma que ninguém sabe o dia e a hora, a não ser o Pai.
Naquele momento, como homem e após ter se esvaziado dos seus conhecimentos divinos, nem mesmo Jesus sabia o dia e a hora da sua própria vinda. Porém, após a ressurreição e glorificação, Jesus declara que "É-me dado todo o poder no céu e na terra" (Mateus 28:18).
Levando em consideração o fato da união divina de propósitos e sentimentos, e considerando também que a expressão "todo poder" não exclui nada, entendemos que Jesus, que não sabia o dia nem a hora quando proferiu a profecia, agora sabe.
Quando o Mestre disse que ninguém sabe, não exclui nenhuma possibilidade futura de conhecimento desse detalhe...
Não obstante a essa constatação, cremos que se tornará praticamente impossível calcular o dia e a hora da parousia devido aos motivos que detalharemos mais adiante.
O PROPÓSITO DO SERMÃO PROFÉTICO
Como já comentamos, o cuidado que Jesus teve em reunir seus discípulos e, a partir de uma singela pergunta deles (Mateus 24:3), explanar os principais sinais que ocorreriam entre aquela geração e o fim, visa trazer luz aos servos do Criador em meio dos tempos e séculos.
Jesus sabia muito bem que aqueles discípulos que estavam ouvindo com atenção as suas palavras não viveriam o tempo do fim ou os anos imediatamente anteriores à sua volta. Muitos sinais foram profetizados e deixados para a Igreja dos últimos tempos. Outros sinais eram mais próximos e seriam vistos por aquela geração, como é o caso da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.
Entretanto, cremos que no versículo 15, o Senhor estabelece um ponto chave para a compreensão do capítulo 24 de Mateus, pois ali Jesus dá o primeiro sinal concreto e localizável na história, que indicava a contagem regressiva para o fim, estando em perfeita conexão com os dados deixados por Daniel em seu livro. Jesus disse: "Quando pois virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda" (Mateus 24:15).
Sem dúvidas, o Mestre direcionou naquele momento seus discípulos à leitura das profecias contidas no livro de Daniel que falam sobre a abominação desoladora. Quem lesse as profecias de Daniel a respeito da abominação da desolação entenderia exatamente o tempo que levaria entre esse evento (abominação da desolação) e o cumprimento da promessa!
Cremos que nada do que está revelado nas Escrituras é em vão. Há um propósito específico para tudo o que está inserido nas Escrituras, que é a Palavra do Eterno.
Conseqüentemente, entendemos que os preciosos dados revelados pelo Espírito a Daniel, serão importantes para aqueles que viverem os momentos próximos á abominação desoladora, ou seja, o momento da revelação do anticristo e começo da grande tribulação. Vejamos aquilo que Jesus nos insta a ler em Daniel a respeito da abominação desoladora, para que "entendamos":
"...E desde o tempo em que o holocausto continuo for tirado, e estabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado é o que chega aos mil trezentos e noventa dias" (Daniel 12:11-12)
A abominação da desolação é o gatilho que desencadeará a contagem regressiva para a segunda vinda de Jesus. Em Daniel 12:10 diz: "Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; más os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, más os sábios entenderão". Logo após são oferecidos os dados referentes aos anos entre a abominação e o cumprimento de todas as coisas.
Fica claro então, que os sábios entenderão todas as conseqüências proféticas a partir do momento da abominação desoladora, entre elas a maior e mais maravilhosa de todas as conseqüências proféticas: a restauração de todas as coisas! (Atos 1:6-7).
Porém, apesar da possibilidade profética de cálculo para aqueles que virem a abominação da desolação e puderem calcular os dias a partir desse evento maligno, devemos tecer algumas considerações que nos fazem presumir a grande dificuldade que haverá para efetuar esse cálculo com precisão.
1. Em Mateus 24:22, Jesus declara que os dias da grande tribulação serão abreviados. Cremos que neste versículo o Mestre usou uma expressão literal e não simplesmente figurativa.
O profeta Isaias, ao escrever sobre o dia do Senhor e os fenômenos que ocorreriam naquele dia, profetizou que a Terra se moverá do seu lugar (Isaias 13:13). Talvez isso seja causado por uma mudança brusca no eixo de rotação terrestre, causando uma grande diferença na cronometragem da duração de um dia.
2. Em determinado momento da grande tribulação, os homens já não verão mais o sol nem a lua (Mateus 24:29). Esse é o último grande sinal deixado por Cristo que antecederá a sua volta.
Com a impossibilidade de vislumbrar o sol e a lua, fato aliado à abreviação dos dias de uma forma não uniforme, se tornará praticamente impossível calcular através da simples observação a duração de um dia.
3. Em Daniel 7:25, o profeta declara que o anticristo cuidará em mudar os tempos e a lei. Provavelmente, a forma de contagem do tempo e os diversos calendários atualmente existentes sejam unificados pelo sistema da besta, dificultando mais uma vez possíveis cálculos no período tribulacional.
4. Durante a tribulação, os verdadeiros cristãos, ao não aceitarem dobrar-se ante o sistema da besta e ao não possuírem a sua marca de identificação, mesmo estando atentos aos sinais deixados por Cristo, terão enormes dificuldades em acompanhar os fatos internacionais e os últimos acontecimentos globais, pois terão que sobreviver em locais inóspitos e não terão acesso à mídia, que, sem dúvidas, estará sob o domínio e manipulação da besta.
5. O prazo de 1335 dias citado em Daniel 12:12 não se refere ao momento do arrebatamento da Igreja. Se formos coerentes com o contexto de Daniel, parece referir-se à restauração do reino de Israel, indicando o reinado de Cristo e da Igreja a começar pelo Milênio.
Cremos que esse momento começará quando o Senhor pousar Seus pés no Monte das Oliveiras e for Rei sobre toda a Terra (Zacarias 14:4-9). Entre o arrebatamento da Igreja, que ocorrerá num dia e hora não determinados, depois do cumprimento dos últimos sinais, logo após a grande tribulação (Mateus 24:29-31), e o pousar dos pés do Ungido sobre o Monte das Oliveiras, poderá transcorrer horas ou dias.
A Palavra não nos revela quantas horas ou dias levará. Porém, todos esses eventos ocorrerão a partir do momento em que aparecer o sinal do Senhor nos céus (Mateus 24:30), logo após a grande tribulação.
Por isso, com respeito à faculdade de saber o dia da volta do Senhor, não nos parece que deva ser a prioridade do servo do Eterno. A nossa prioridade deve ser estar preparados para essa volta maravilhosa e cientes de todos os sinais que antecederão sua volta.
Devemos estar preparados também para enfrentar a tribulação que se aproxima e para sermos perseguidos e colocados à margem de todo convívio social e mesmo assim guardar os mandamentos do Pai e manter o testemunho de Jesus até o fim.