terça-feira, 29 de abril de 2008

A IGREJA DO SÉCULO 21 " A IGREJA EMERGENTE"


“...haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de
mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Timóteo 4.3).
Parece que cada geração tem sua própria apostasia específica e, em alguns casos, até mesmo depois de um avivamento espiritual. A igreja do século 20 começou numa batalha pelos fundamentos da fé cristã. Durante aquele período, os evangélicos (i.e., cristãos da atualidade que crêem na Bíblia e que se constituem de fundamentalistas, separatistas e outros apaixonados amantes da Bíblia) experimentaram um crescimento sem precedentes. Mas então, muitos dos principais seminários começaram a se comprometer, fazendo concessões à filosofia pós-moderna do humanismo secular de nível superior. De 1920 a 1935, muitos líderes fundaram escolas cristãs, institutos bíblicos e seminários que geraram fiéis expositores da Bíblia e igrejas evangelizadoras que ganhavam almas para Cristo em todo o mundo. Infelizmente, vários jovens educadores ingressaram nas universidades seculares a fim de obter seu grau de PhD. Depois de se graduarem, tornaram-se professores de seminário no encargo de ensinar os candidatos ao ministério pastoral a pregarem as Escrituras, sendo que eles mesmos nunca tinham exercido o pastorado, nem haviam se dedicado à pregação. Uma das máximas essenciais do processo educacional é a de que “não se pode partilhar aquilo que não se possui”. O que se verifica com freqüência, nos dias atuais, é que pastores jovens se formam nos seminários, todavia conhecem muito pouco sobre a pregação expositiva, sobre as doutrinas fundamentais, sobre a evangelização e nem mesmo possuem as ferramentas necessárias para atuarem como pastores. Hoje em dia, é comum ver pastores, recém-formados num seminário, assumirem o ministério pastoral de uma igreja, sem nunca terem sido alunos de um professor de seminário que realmente tenha exercido o pastorado de uma igreja.
Além disso, a lavagem cerebral de nossos filhos feita dentro das escolas públicas pelos humanistas seculares, desde a pré-escola até o ensino superior (especialmente nos cursos de pós-graduação) tem produzido uma geração pós-moderna que é avessa aos absolutos morais, ao Evangelho que é o único caminho de salvação e à autoridade da Palavra de Deus. Muitos jovens que estudaram em faculdades cristãs já foram influenciados por essa moderna filosofia secular [N. do T.: Nos Estados Unidos há instituições de ensino fundamental, médio e superior que são mantidas por denominações e entidades evangélicas, cuja proposta de ensino e orientação educacional baseia-se em princípios bíblicos cristãos]. Até mesmo em algumas escolas cristãs de ensino fundamental e médio, é possível encontrar professores com formação acadêmica de orientação humanista, que propõem o ensino de uma filosofia secular dentro de um ambiente cristão. É espantoso verificar o grau de desconhecimento da Bíblia que a maioria dos calouros demonstra ao entrar numa faculdade cristã. O único antídoto para aqueles que sofreram essa lavagem cerebral humanista por muitos anos é uma genuína conversão a Cristo, acrescida de um tempo investido no estudo minucioso da Palavra de Deus.
A lavagem cerebral de nossos filhos feita dentro das escolas públicas pelos humanistas seculares, desde a pré-escola até o ensino superior (especialmente nos cursos de pós-graduação) tem produzido uma geração pós-moderna que é avessa aos absolutos morais, ao Evangelho que é o único caminho de salvação e à autoridade da Palavra de Deus.
A secularização da educação cristã fez com que muitos pastores jovens e sinceros se tornassem vulneráveis aos ensinos da igreja pós-moderna, ou como [seus membros] preferem se designar, “Igreja Emergente”. Esse movimento bebe da essência do antinomianismo, uma filosofia na qual os adeptos questionam mais a Bíblia e os fundamentos da fé do que o ensino e a influência anticristãs de sua formação educacional secular. Eles contam com o apoio de Hollywood, da mídia esquerdista e da música “heavy beat” que transmite mensagens antibíblicas num apelo às emoções, enquanto a mente é deixada de lado. Tal música pode, muitas vezes, apelar aos impulsos da carne e já invadiu as igrejas, onde muitos líderes eclesiásticos alegam que ela lhes presta um auxílio no processo de “crescimento da igreja”, tentando provar, com isso, que estão no “caminho certo”.
Entre os falsos ensinos que brotam da Igreja Emergente encontra-se uma forma não tão sutil de ataque à autoridade da Bíblia – um claro sinal de apostasia. Eles não mais afirmam: “Assim diz o Senhor” (apesar do uso dessa expressão por mais de duas mil vezes na Bíblia), por temerem que isso ofenda aquelas pessoas que apregoam a igualdade de todas as opiniões quanto ao seu valor. A Palavra de Deus não é mais interpretada por aquilo que realmente diz; em vez disso, é interpretada por aquilo que diz para você, desconsiderando, assim, o fato de que a formação educacional e a experiência de vida de uma pessoa podem influenciar a maneira pela qual ela interpreta as Escrituras, a ponto de levá-la irrefletidamente a um significado nunca planejado por Deus para aquele texto.
Alguns dão a entender que Jesus foi um “bom homem, até mesmo um bom exemplo, mas Deus?”. Disso eles não têm certeza. Outros relutam em chegar a tal ponto de questionamento, porque se Jesus não é Deus que “se fez carne”, então não temos um Salvador. Entretanto, há outros da Igreja Emergente que põem em dúvida o milagre da concepção virginal de Cristo, Sua morte substitutiva e expiatória, Sua ressurreição corporal e, obviamente, questionam mais de mil profecias bíblicas, tanto as que já se cumpriram, quanto as que ainda estão por se cumprir, as quais descrevem o maravilhoso plano de Deus para o nosso futuro eterno. Uma indicação da situação em que eles realmente se encontram é evidenciada pelas declarações de um dos seus principais líderes (que é chamado de evangélico), “apesar dele agrupar a série de livros Deixados Para Trás na mesma categoria de O Código DaVinci”.[1] Uma afirmação dessas, vinda de um dos líderes da Igreja Emergente, revela o grau de confusão ou de dolo a que eles de fato chegaram. Ou ele está confuso (iludido) quanto às mentiras gnósticas ocultistas que dominam o enredo de O Códico Da Vinci, ou rejeita, intencionalmente, a interpretação literal da Bíblia que é o fundamento da série Deixados Para Trás, baseada no livro de Apocalipse. Não temos nenhuma dúvida ao afirmar que os líderes da “Igreja Emergente” não crêem no arrebatamento pré-tribulacionista, porque não aceitam a divina inspiração e autoridade da Bíblia.
Os mestres pós-modernos que se denominam “evangélicos”, embora neguem a “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 3), são bem rápidos em falar o que eles e outros filósofos heréticos pensam, porém, raramente dizem o que Deus deixou registrado por escrito em Sua biblioteca de sessenta e seis livros, a Bíblia. Eu, particularmente, creio que eles, na verdade, são hereges, apóstatas e lobos “disfarçados em ovelhas”. Devido ao fato do cristianismo liberal ter caído no vácuo do descrédito e das igrejas liberais terem ficado vazias, eles agora fazem uma tentativa de re-empacotar sua teologia sob a forma de pós-modernismo. Na realidade, a maior parte desses conceitos não passa daquilo que costumava ser chamado de modernismo ou liberalismo, ainda que expressos com uma terminologia pós-moderna.
Os líderes da “Igreja Emergente” não crêem no arrebatamento pré-tribulacionista, porque não aceitam a divina inspiração e autoridade da Bíblia.
É difícil obter deles informações quanto ao que realmente crêem, mas eles sabem, muito bem, que não crêem nos fundamentos da fé bíblica. Já é hora de chamarmos a atenção das igrejas para o fato de que tais pessoas são hereges e falsos mestres que “não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça” (2 Tessalonicenses 2.12), tal como Judas escreveu nos versículos 17 e 18 de sua epístola: “Vós, porém, amados, lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: No último tempo, haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões”.
A mensagem do Espírito Santo dirigida à igreja de Laodicéia se enquadra perfeitamente à realidade deles: “Ao anjo da igreja de Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus. Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres outro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 3.14-22).
Minha expectativa de que a verdadeira igreja evangélica assumisse sua posição “em alto e bom som” contra essa nova forma pós-moderna de apostasia, concretizou-se, recentemente, num simpósio de nosso Pré-Trib Study Group [Grupo de Pesquisas Pré-Tribulacionistas], ocorrido no final de 2006. Foram proferidas várias palestras excelentes que expuseram os erros desse novo movimento. Quase que simultaneamente recebi um exemplar do periódico The Master’s Seminary Journal [Jornal do Seminário Master’s] que também desmascarava esse movimento através de artigos escritos pelo Dr. John MacArthur e pelo Dr. Richard Mayhue, dentre outros articulistas. Em seguida, chegaram informações de que o Dr. John MacArthur está escrevendo um livro sobre o assunto. Certamente será uma obra completa, de modo que nos ajudará a confrontar essa heresia moderna pelas Escrituras, tal como somos expressamente orientados a fazer nestes últimos dias (i.e., “[provar] os espíritos se procedem de Deus”, 1 João 4.1). Pastores inexperientes e mal alicerçados na Palavra de Deus estão sendo influenciados por essa forma atual de apostasia. Se tais pastores, porventura, comprarem essas idéias nitidamente heréticas, levarão suas igrejas ao desvio da verdade, através de falsos ensinamentos. Se líderes cristãos proeminentes e bem conhecidos não se opuserem abertamente a essa distorção apóstata, é muito provável que se cumpram, negativamente, as palavras desta profecia: “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lucas 18.8).
Ao procurar uma igreja para sua família, certifique-se de avaliá-la pela importância que dá à Palavra de Deus. Você se lembra daqueles judeus “de Beréia”? Eles pesquisavam diariamente nas Escrituras para saber se os ensinamentos de Paulo e Silas eram legítimos e coerentes: “Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (Atos 17.11).

domingo, 27 de abril de 2008

A Caminho do Controle Total

Nada a esconder, nada a temer?
Os Estados Unidos estão liderando a Europa e o restante do mundo em direção a uma nova era de vigilância. Na esteira dos atentados de setembro de 2001, os EUA têm produzido tecnologias de segurança que vão desde a coleta de dados nos aeroportos até sistemas de biometria para identificar os visitantes que chegam ao país. Essas tecnologias têm sido exportadas e adotadas ao redor do globo. Entretanto, enquanto a cultura americana libertária e antigovernamental talvez protegerá seus cidadãos dos piores excessos da vigilância das autoridades, os europeus poderão não ter a mesma sorte.
O público britânico, com sua confiança instintiva no governo, tem se mostrado indiferente diante do avanço da vigilância. Mais preocupado em se sentir seguro do que estar em segurança, ele não tem reagido aos relatórios do próprio governo que sugerem que a proliferação de câmaras de vigilância não teve "efeito sobre os crimes violentos" ou o terrorismo.
As atitudes européias com relação à privacidade variam muito, mas os europeus ocidentais tendem a suspeitar menos da autoridade governamental centralizada do que os americanos. Quando o governo dos EUA anunciou o programa US-VISIT, que exige que todos os estrangeiros que chegam ao país sejam fotografados, tenham suas impressões digitais coletadas e suas informações biométricas incluídas em um banco de dados, não houve protestos oficiais da França e da Alemanha, pois ambos os países já estão planejando coletar as impressões digitais de quem solicitar um visto de entrada. O Brasil, em contraste, retaliou, impondo a identificação de visitantes americanos.
A deferência maior dos europeus à autoridade governamental levou países como a Alemanha e a Grã-Bretanha a adotar medidas de vigilância após 11/9/2001 que, de certa forma, foram além das normas impostas pelos EUA. Em 2002, por exemplo, a Alemanha aprovou uma lei que autoriza o governo a criar um banco de dados centralizado com informações pessoais sobre estrangeiros, incluindo suas impressões digitais e sua filiação religiosa. A lei também autoriza a inclusão de dados biométricos, como impressões digitais, nas cédulas de identidade dos alemães. Além disso, ela apóia explicitamente a coleta de dados em ampla escala, exigindo que as agências governamentais repassem os dados pessoais à polícia federal.
Na Grã-Bretanha, onde se é ainda menos desconfiado com a vigilância governamental do que na Alemanha, devido à experiência diferente com relação ao fascismo e ao comunismo, o aumento do poder de vigilância tem sido maior. Leis antiterroristas aprovadas em 2000 e 2001 permitem que a polícia prenda sem mandato quaisquer pessoas suspeitas de terrorismo. Elas podem ficar detidas durante 48 horas sem direito à presença de um advogado. A polícia também pode tirar impressões digitais, fotografar e procurar sinais característicos no corpo dos suspeitos sem o consentimento destes. Qualquer estrangeiro suspeito de terrorismo pode ser detido por tempo indeterminado sem julgamento. (Newsweek, edição européia)
Quando lemos artigos sobre segurança internacional e combate ao terrorismo, devemos ter em mente duas palavras: "controle" e "identificação". Se formos realistas, concluiremos que esses procedimentos de segurança são praticamente inúteis. Os terroristas conhecem como eles funcionam e simplesmente procuram por alguma falha inevitável no esquema para escaparem da identificação.
O terrorismo sempre está um passo à frente, apesar dos governos prometerem proteção aos cidadãos. Os ataques de 11 de setembro nos EUA revelaram a completa falha de todo o sistema. Parece que a maioria não percebe que a tecnologia teve pouca relação com os atos terroristas, que foram cometidos utilizando estiletes como armas. Tais atentados poderiam ser repetidos? Terroristas que atenderem a todas as exigências de segurança podem embarcar num avião e dominar a tripulação, inutilizando completamente toda a sofisticada tecnologia implantada em nome da proteção contra atentados.
Portanto, a questão é: qual a verdadeira razão da preocupação global com a segurança? Ela é cada vez mais destacada para que se cumpram as profecias bíblicas! Os cidadãos de todos os países estão sendo educados para se submeterem a esses procedimentos. Realizando-os, os governos ganham experiência na coleta de informações pessoais e, finalmente, poderão implantar o controle total sobre os indivíduos. Não importa a nação em que vivemos e o tipo de governo que temos – no final das contas se cumprirá o que Apocalipse 13.16 diz sobre a marca da besta.

A Bússola de Ouro

Baseado no best seller de Philip Pullman, A Bússola de Ouro conta a primeira história da trilogia Fronteiras do Universo।
A adaptação para o cinema da controvertida trilogia de um autor ateu causa alvoroço ecumênico; mas será que “matar Deus” é o verdadeiro perigo?
Para os que ainda não conhecem esse filme e todo o evento de mídia relacionado a ele, um comunicado distribuído à imprensa esclarece: “Baseado no best seller de Philip Pullman, A Bússola de Ouro conta a primeira história de sua trilogia Fronteiras do Universo (FDU). Esta excitante aventura de fantasia se passa num mundo alternativo povoado por ursos falantes vestidos com armaduras, feiticeiras, gípcios e dimons. No centro da história está Lyra, uma garota de 12 anos que começa tentando salvar um amigo e termina numa busca épica para tentar salvar não só o seu próprio mundo, mas o nosso também”.
Um dos principais instrumentos usados por Lyra, a heroína da trilogia, é o “Aletiômetro” (a “Bússola de Ouro”). Da mesma forma que um rabdoscópio – ou varinha mágica – ou uma tábua Ouija, o mecanismo usa símbolos, indicadores e a “força do pensamento” para adivinhar a verdade (em grego, Alethéia) sobre uma determinada questão. Na foto: Lyra tentando ler o “Aletiômetro”.
Parece familiar? Crianças iluminadas (desprezadas ou excluídas pela família ou pela sociedade) tropeçam num segredo por acaso, e são escolhidas para salvar o mundo usando quaisquer meios permitidos por sua imaginação e sendo auxiliadas por alguma forma de poder ancestral ou sobrenatural ou entidade espiritual. Essa idéia está tão disseminada, que muitos a chamam de “ mito universal”. Entretanto, não importa qual seja a época ou o local, o tema do jovem herói continua a fascinar o público e a vender mais produtos que qualquer outra trama jamais concebida.
Então, por que tanto alvoroço por causa desse filme? Bem, para começo de conversa, como a página oficial na internet informa, “no mundo da Bússola de Ouro, a alma de uma pessoa vive fora do corpo, sob a forma de um dimon, um espírito animal que acompanha a pessoa por toda a vida”. Embora espíritos-guias na forma de animais sejam tão universais e antigos quanto o próprio xamanismo, os livros de Pullman são talvez os primeiros a popularizarem uma criatura como uma manifestação do espírito pessoal de alguém, e não como uma entidade “auxiliadora” independente ( como uma fada, um elfo, um anjo ou um “mestre iluminado”). Também é notável o atrevimento de chamar esses espíritos de “dimons”* (que é exatamente o que eles são, de acordo com o entendimento bíblico a respeito do nosso mundo real). Fica claro que esse “dispositivo literário” cheira a ocultismo.
Por essas e muitas outras razões, fica difícil engolir o alegado ateísmo de Pullman como genuíno naturalismo humanista. Embora afirme que “esta vida é tudo o que temos”, ele criou um “universo paralelo” pseudocientífico, baseado na teoria quântica e na metafísica. Esses princípios idênticos formam a base do “conhecimento secreto” das religiões esotéricas, refletidas em outras histórias pós-modernas, como a trilogia Matrix e O Show de Truman, onde a “verdadeira realidade” é encontrada através de um processo de rebelião contra a “autoridade”, renascimento e autodescoberta.
O extremo desprezo que Pullman tem pelo Catolicismo não é nem disfarçado: a hierarquia do mal estabelecida pela “Autoridade” da trilogia FDU (o eufemismo que a trilogia usa para se referir a Deus) não é outra senão o “Magistério”. Não admira que a perversão do Evangelho bíblico perpetrada por Roma e sua perseguição aos verdadeiros crentes tenham destruído a fé de muitos ao longo dos séculos – inclusive, aparentemente, a esperança de Pullman de obter a redenção. Os evangélicos bem informados conhecem muito bem todo o mal perpetrado pelo Catolicismo em nome de Deus. Além disso, a perspectiva de Pullman também foi distorcida pelas torturas e assassinatos cometidos em nome do Calvinismo. Por essa razão, não admira que ele não consiga distinguir o Cristianismo bíblico das formas falsificadas que o mundo vem adotando há muito tempo. É esse preconceito que forma o alicerce da FDU, no que talvez seja o mais poderoso ataque para arrasar a percepção da próxima geração a respeito do Cristianismo.
A editora de Pullman é a Scholastic, um vasto império da mídia que se descreve como “o maior publicador e divulgador de livros infantis do mundo”. Na foto: o prédio da Scholastic.
Sem dúvida, as crianças ficarão encantadas com o filme e suas engenhocas fascinantes, e assim serão atraídas para os romances de Pullman, exatamente como aconteceu com as crianças do Flautista de Hammelin. Um dos principais instrumentos usados por Lyra, a heroína da trilogia, é o “Aletiômetro” (a “Bússola de Ouro”). Da mesma forma que um rabdoscópio – ou varinha mágica – ou uma tábua Ouija, o mecanismo usa símbolos, indicadores e a “força do pensamento” para adivinhar a verdade (em grego, Alethéia) sobre uma determinada questão. Uma extraordinária versão digital desse instrumento diverte os visitantes que acessam a página oficial do filme na internet. Lá também existe um perfil de personalidade composto de 20 perguntas que, depois de preenchido, anuncia dramaticamente: “Seu dimon foi encontrado”. As crianças e outros visitantes são convidados a se inscreverem numa comunidade online especial de onde podem baixar ícones (avatares) representando seu dimon pessoal.
Parece que Pullman fez um grande esforço para inverter a Palavra de Deus, torcendo paralelos bíblicos até transformá-los na verdadeira antítese do relato bíblico. Como comenta um crítico: “A Luneta Âmbar (último livro da trilogia FDU) reformula o relato da Tentação e do Pecado Original, mostrando-os como o início da verdadeira liberdade humana”. Mais uma vez, isso é xamanismo revivido; muitas religiões ainda reverenciam a Serpente como o ser que “traz a luz”, como fazem as seitas e sociedades esotéricas modernas.
A editora de Pullman é a Scholastic, um vasto império da mídia que se descreve como “o maior publicador e divulgador de livros infantis do mundo, incluindo o estrondoso sucesso Harry Potter®, Animorphs®, Goosebumps® e Clifford, o Gigante Cão Vermelho® [...]. A Scholastic alcança 32 milhões de crianças, 45 milhões de pais, e praticamente todas as escolas dos Estados Unidos. A Scholastic é uma empresa de multimídia, com um capital de 2 bilhões de dólares e 10.000 empregados, que opera globalmente nos segmentos de educação, entretenimento e publicidade [...] vendendo para crianças, pais e professores”. Isso é um autêntico exército das trevas.
É compreensível que muitos cristãos estejam alarmados com o modo como Pullman caracteriza Deus: um ser finito, débil, frágil, assustado e impostor (muito parecido com o homem por trás da cortina em O Mágico de Oz). Contudo, muitos desses mesmos crentes dão apoio a uma espiritualidade ecumênica, mística e baseada no ocultismo em suas próprias igrejas – incluindo ioga, oração centrante e outras “disciplinas espirituais” enganosas. É o Cavalo de Tróia de Satanás dentro da igreja, perseguindo o mesmo objetivo que Fronteiras do Universo procura alcançar no mundo: questionar a autoridade e a suficiência da Palavra de Deus, ao mesmo tempo em que olha para dentro, em busca do Eu.
Philip Pullman autografando seu livro.
Pullman revelou um pouco do que está em seu coração quando um repórter perguntou qual seria o seu dimon pessoal, se ele tivesse um: “Provavelmente, seria uma gralha ou outra ave da família dos corvos, porque esses são os pássaros que normalmente se interessam por coisinhas brilhantes e vão pegá-las. Eles realmente não sabem distinguir entre um anel de diamante e um pedaço de papel dourado, desses de embrulhar bombons” (Pv 16.16).
Infelizmente, Pullman se traiu ao reconhecer sua incapacidade de distinguir entre a inestimável sabedoria da Escritura e o “ouro de tolo” (1 Co 2.14). Sua abordagem “Frankenstein” da espiritualidade (costurando partes mortas da religião com outras da “falsa ciência”) deu o sopro de vida a um Demônio de proporções infernais. Ao criar um Deus magro e exaurido, que sofre uma “misericordiosa” eutanásia em seu romance, Pullman mudou “a verdade de Deus em mentira” (Rm 1.25) e mudou “a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Rm 1.23).
Rejeitando comparações com a trilogia épica de J. R. R. Tolkien, Pullman insiste em afirmar: “O que estou fazendo é completamente diferente. Tolkien teria odiado”. Embora os evangélicos estejam divididos a respeito dos méritos de As Crônicas de Nárnia, a ira de muitos deles se acende ainda mais diante do franco desprezo que Pullman tem por C. S. Lewis, a quem ele agride juntamente com todos os cristãos: “Estou tentando minar as bases da fé cristã. – diz Pullman – O senhor Lewis diria que estou fazendo o trabalho do Diabo

Sinais do Fim dos tempos

Apesar dos surpreendentes e espantosos acontecimentos experimentados nestes dias, o maior de todos os sinais do fim dos tempos - e, contudo, o menos enfatizado - é o retorno do povo judeu à Terra Prometida e a fundação do Estado de Israel
O testemunho de Charles Spurgeon
É necessário olharmos mais meticulosamente para o restabelecimento dessa nação à luz das profecias.
No decorrer do tempo, foi pequeno o número de servos do Senhor que O seguiram de todo o coração e aos quais foi dada a capacidade de reconhecer os acontecimentos futuros.
Charles Spurgeon foi uma dessas pessoas. Antes de Israel voltar a tornar-se uma nação, quando aparentemente era impossível que os judeus retornassem para a Terra Prometida, Spurgeon ensinou que isso aconteceria, exatamente como se lê em Ezequiel 36 e 37:
O significado desse texto bíblico, conforme o contexto revela, é muito evidente. Diante do significado dessas passagens, haverá primeiro uma restauração política dos judeus em sua própria terra e um retorno à sua própria identidade nacional. Em segundo lugar, existe no texto e em seu contexto uma declaração muito clara de que haverá uma restauração espiritual, uma real conversão das tribos de Israel ao Senhor.
Eles haverão de gozar de uma prosperidade nacional que os tornará famosos; mais ainda, serão tão gloriosos que Egito, Tiro, Grécia e Roma esquecerão sua própria glória à luz do grande esplendor do trono de Davi. Se as palavras têm significado real, este deve ser o sentido desse capítulo.
Eu jamais quero aprender a arte de distorcer o significado que Deus atribuiu às Suas próprias palavras. Se a Bíblia diz algo de maneira clara e cristalina, então é isso mesmo que devemos entender. O sentido literal e o significado dessa passagem - que não podem ser negados nem espiritualizados -, deixam claro para nós que tanto as duas quanto as dez tribos de Israel serão restauradas em sua própria terra, e que um rei governará sobre elas.
O anelo de Israel pela paz
Analisemos o desenvolvimento progressivo que está acontecendo e que conduzirá Israel a uma união com a "nova ordem mundial" dominada pela Europa. Apesar dos constantes conflitos, vemos Israel procurando a paz com seus inimigos, não por terem adotado uma nova filosofia que os faz amar uns aos outros, mas pelo anseio por uma paz negociada.
Muitos em Israel estão fascinados com a possibilidade de viver em paz com seus vizinhos árabes. Eles acham que essa paz realmente poderá ser alcançada. Mas a Bíblia diz: "Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão" (1 Ts 5.3).
Israel: o objeto da profecia
Fazemos bem em compreender que os sinais do final dos tempos dados pelo Senhor são especificamente direcionados a Israel. Quando Jesus explicou os eventos dos tempos finais a Seus discípulos juntamente com os sinais que aconteceriam antes de Sua volta, Ele endereçou essas palavras ao povo de Israel.
Temos duas características muito claras mencionadas em Mateus 24, que identificam esse povo:
1. "Então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes" (v. 16). Isto é uma referência geográfica, e não diz respeito à Igreja de Jesus Cristo. Se vivemos nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa, ou em outras partes do mundo, não somos conclamados a fugir para as montanhas da Judéia, pois as palavras foram dirigidas aos "que estiverem na Judéia".
2. Além disso, Jesus está mencionando um motivo de oração: "Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado" (Mt 24.20). O sábado foi dado apenas aos judeus. Lemos nas Sagradas Escrituras, com relação ao sábado: "Tu, pois, falarás aos filhos de Israel e lhes dirás: Certamente, guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica" (Êx 31.13). Portanto, Israel é o grande sinal dos tempos do fim para os gentios e para a Igreja!
O antigo pecado de Israel
Quais os objetivos de Israel para o futuro? Hoje a nação de Israel está sendo confrontada com seu antigo pecado, com o pecado que cometeu como nação. Há quase 3500 anos o povo de Israel já estava na Terra Prometida. Deus havia cumprido tudo o que prometera a eles com relação à entrada na terra, mas Israel recusou-se a ser o povo escolhido por Deus, negou-se a ser uma nação singular e diferente, e deixou de fazer Sua vontade.
Deus identificou a razão mais profunda dessa rejeição ao dizer que o povo de Israel simplesmente não queria que Deus o governasse. Eles rejeitaram abertamente as palavras de Deus ditas através de Moisés: "Porque sois povo santo ao SENHOR, vosso Deus, e o SENHOR vos escolheu de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe serdes seu povo próprio" (Dt 14.2). Que promessa tremenda! Israel deveria estar acima "...de todos os povos que há sobre a face da terra".
Através da História sabemos que muitas nações têm procurado sobrepor-se a todas as outras nações. Hoje isso é muito evidente nos Estados Unidos. Os americanos consideram que os EUA são uma nação especial. A maioria dos americanos reivindica que os Estados Unidos são a maior nação da história do mundo. Muitas nações antes deles cometeram o mesmo pecado, mas a poeira de suas ruínas testemunha contra elas.
Uma nação santa de cristãos
Quem somos nós cristãos? A resposta está em 1 Pedro 2.9: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz". Nós, a Igreja de Jesus Cristo, também somos um povo eleito. Somos uma geração escolhida. Somos uma nação santa. Mas essa nação santa não pode ser comparada ou identificada com quaisquer nações políticas, como os Estados Unidos, o Canadá, a França, a Inglaterra, a China ou outra nação do mundo. Essa nação santa habita entre as nações do mundo, e cada membro dessa nação santa é conhecido pessoalmente pelo próprio Senhor.
Tudo indica que essa nação santa está prestes a se completar, e quando isso acontecer, quando o último dos gentios for agregado à Igreja, seremos arrebatados pelo nosso Senhor, para estarmos em Sua presença por toda a eternidade!
O clamor de Israel por um rei
O anseio rebelde de Israel em tempos antigos, ao pedir um rei ao profeta Samuel para ser "como as outras nações" (veja 1 Sm 8.5-7), não desapareceu simplesmente. Ao contrário, ele atingiu seu clímax 1000 anos mais tarde. Em João 19.15 está escrito: "...Não temos rei, senão César!" Todo o peso da afirmação dos antepassados, refletindo o desejo de serem parte da família das nações, de serem como qualquer outro povo, atingiu, então, a realização: "...Não temos rei, senão César!" Israel ainda será confrontado com essa afirmação quando as nações da terra se ajuntarem para batalhar contra Jerusalém!
Os passos de Israel rumo à paz
Parece que a única solução em relação à Terra Santa é seguir o rumo de uma paz negociada. Apesar dos confrontos com os palestinos, finalmente não restará outra alternativa. A possibilidade do aumento de comércio através das fronteiras dos países é muito tentadora, e não há dúvida de que a economia de Israel continuará a crescer fortemente.
Essas expectativas positivas jamais mudarão a Palavra Profética. Jesus disse: "Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente, o recebereis" (Jo 5.43). Israel está a caminho de se tornar parte integrante do último império gentílico do mundo e aceitará o anticristo.
Apenas quando compreendemos esses acontecimentos pelo prisma espiritual, podemos começar a entender o que está ocorrendo no mundo político, econômico e religioso. Com isso em mente, iremos compreender melhor o desenrolar dos eventos políticos no mundo de hoje. Se não tivermos conhecimento dos resultados finais, poderemos ser facilmente levados pelo entusiasmo da falsa paz que será anunciada.
O anticristo: o mestre do engano
Quando a Palavra de Deus identifica a obra do anticristo, lemos em 2 Tessalonicenses 2.7-11: "Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira".
Esse texto bíblico deixa dois pontos bastante claros: primeiro, a obra do anticristo será bem-sucedida através do engano e, segundo, a rejeição à oferta do amor de Deus (Jo 3.16) é o motivo pelo qual as pessoas crerão numa mentira.
Por essa razão, mais do que nunca devemos gravar em nossas mentes e em nossos corações aquilo que o Senhor Jesus ensinou a Seus discípulos: "É como um homem que, ausentando-se do país, deixa a sua casa, dá autoridade aos seus servos, a cada um a sua obrigação, e ao porteiro ordena que vigie. Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai!" (Mc 13.34-47

domingo, 20 de abril de 2008

Governo dos EUA aprova microchip subcutâneo

A Food and Drug Administration (FDA), agência federal reguladora de alimentos e remédios, aprovou a comercialização de um microchip aplicado sob a pele, que fornece aos médicos informações básicas sobre os usuários, mas também poderá ser usado na área de segurança, como já ocorre no México.
A empresa Applied Digital anunciou a aprovação oficial do "VeriChip", apresentado como "o primeiro microchip de identificação por freqüências de rádio implantável para uso humano". O produto foi autorizado para "fins clínicos", indicou a companhia, que não esconde porém sua intenção de estender sua aplicação a outras áreas. "Nós estamos promovendo o VeriChip como um meio universal de identificação", diz a empresa em sua página na internet.
"Esperamos que tenha uma enorme variedade de aplicações, incluindo segurança financeira e transportes, acesso a residências e edifícios comerciais e segurança militar e governamental", assinala a companhia.
O "VeriChip" já foi lançado no México no início do ano passado, onde é comercializado pela Solusat, subsidiária da Applied Digital. O microchip é vendido como uma "ferramenta de segurança contra a praga dos seqüestros". Nos Estados Unidos, o produto será usado exclusivamente para fornecer dados sobre alergias, grupo sangüíneo e outras informações médicas.
Mas não é difícil prever um futuro mais amplo para o produto num país onde as medidas de vigilância e segurança foram reforçadas após os atentados de 11 de setembro de 2001. O microchip, cujas informações são lidas através de um aparelho também produzido pela Applied Digital, poderá ser utilizado nos aeroportos, onde os sistemas de controle foram intensificados.
O "VeriChip" é um produto "inerte, encapsulado e energizado", garante seu fabricante. Seu tamanho é equivalente à ponta de uma caneta. Segundo destaca a Applied Digital, o microchip não contém produtos químicos ou baterias e dura até 20 anos. O usuário pagará US$ 9,95 mensais para manter suas informações atualizadas no registro de posicionamento global via satélite. O pagamento "é feito automaticamente através do cartão de crédito do assinante", informa a companhia.



UM MICROCHIP DENTRO DO CORPO
Arlindo Machado
Depois da generalização dos happenings, das performances e das instalações, depois do questionamento do cubo branco dos museus e o salto para o espaço público, depois de ter lançado mão de todas as máquinas e aparelhos da cena tecnológica para produzir imagens, textos e sons de feição industrial, depois ainda de discutir a tragédia da condição humana e de colocar a nu os constrangimentos, as segregações, os interditos derivados do sexo, da raça, da origem geográfica e da condição sócio-econômica, depois de ter experimentado tudo isso, a arte parece agora reorientar-se decididamente para a discussão da própria condição biológica da espécie.
De fato, nos últimos anos, alguns criadores como Orlan e Stelarc vêm se esforçando para trazer à cena cultural a difícil discussão sobre uma possível superação do humano através da intervenção cirúrgica radical, ou da interface da carne com a eletrônica, ou ainda da complementação do corpo biológico com próteses robóticas capazes de ampliar suas potencialidades. Mais do que simplesmente profetizar mudanças profundas em nossa percepção, em nossa concepção de mundo e na reorganização de nossos sistemas sócio-políticos, esse pioneiros vislumbram mutações fundamentais na própria espécie, que poderão inclusive alterar nosso código genético e reorientar o processo linear da evolução darwiniana.
Um importante marco simbólico dessa tendência aconteceu no último dia 11 de novembro na Casa das Rosas, uma espécie de pólo aglutinador das principais tendências de vanguarda da arte brasileira. Nesse dia, o artista Eduardo Kac implantou no interior de seu próprio tornozelo um microchip contendo um número de identificação de nove caracteres e o registrou num banco de dados norte-americano, utilizando a Internet como meio. O microchip é, na verdade, um transponder utilizado na identificação animal em substituição à antiga marcação com ferro quente. Como tal, ele contém um capacitor e uma bobina, todos lacrados hermeticamente em vidro biocompatível, para evitar a rejeição do organismo. O número memorizado no chip pode ser recuperado através de um tracker (scanner portátil que gera um sinal de rádio e energiza o microchip, fazendo-o transmitir de volta o seu número inalterável e irrepetível). A implantação do chip no tornozelo do artista tem um sentido simbólico muito preciso, pois era nesse local que os negros foram marcados a ferro, durante o período da escravidão no Brasil.
A descrição feita acima é bastante simplificada e incompleta. O trabalho abrange ainda uma série de eventos paralelos, relacionados direta ou indiretamente com o implante. Há, em primeiro lugar, o espaço físico da Casa das Rosas, convertido temporariamente numa espécie de quarto de hospital, com instrumental cirúrgico e um médico para atender a eventuais dificuldades, além de ambulância à porta do edifício. Há também uma coleção de fotografias nas paredes com as únicas memórias que restaram da família da avó materna do artista, dizimada na Polônia durante a Segunda Guerra. Há os computadores que permitem acessar o banco de dados nos Estados Unidos, "escanear" o chip por controle remoto através da Internet e disponibilizar, para espectadores situados em qualquer outro lugar do mundo, as imagens do evento através da WWW. Depois do evento, um painel com o raio-X da perna do artista mostrando o microchip implantado foi acrescentado ao local da ocorrência. E como se isso tudo não bastasse, houve ainda a transmissão ao vivo de toda a experiência, através de uma rede comercial de televisão (Canal 21 de São Paulo), além da repercussão na imprensa escrita e no telejornalismo locais antes, durante e depois do evento. Mesmo o artista talvez não tenha sido capaz de prever e dimensionar todas as implicações e conseqüências de sua intervenção. Graças à transmissão televisual e à cobertura jornalística, por exemplo, o implante ultrapassou os limites do gueto intelectual e ganhou uma dimensão pública: no dia seguinte, a estranha história do homem que implantou um chip de identificação no próprio corpo estava sendo contada nos cafés, nos metrôs e nos ambientes de trabalho, por gente que sequer remotamente acompanha a discussão artística.
A intervenção de Kac toca em pontos difíceis e incômodos da discussão ética, filosófica e científica a respeito do futuro da humanidade. Um mês antes do evento na Casa das Rosas, a mesma experiência havia sido proibida no Instituto Cultural Itaú de São Paulo, durante a exposição Arte e Tecnologia, sob a alegação de que a implantação de um chip num ser humano poderia trazer problemas legais à instituição promotora. Nos E.U.A., importantes centros de pesquisa de Chicago e Boston solicitaram cópias dos registros em vídeo para analisar a experiência, enquanto a lista de debates da Wearable Computing discutia intensamente a obra na Internet. O fato de ter despertado polêmica dentro e fora do Brasil constitui o melhor sintoma de que algo importante foi tocado na intervenção de Kac. Da mesma forma como a colocação da bacia sanitária duchampiana no ambiente sagrado do museu desencadeou um número incalculável de conseqüências para a arte e para as demais manifestações da cultura contemporânea, a implantação de um chip no interior do corpo de um artista deverá reacender o debate sobre os rumos que deverão tomar a arte e a espécie humana no limiar do próximo milênio.
Uma vez que Eduardo Kac é um artista e não um ativista político, o evento que realizou na Casa das Rosas permanece aberto às mais variadas interpretações. É possível ler o significado do implante como um alerta sobre formas de vigilância e controle sobre o ser humano que poderão ser adotadas num futuro próximo (a imprensa brasileira explorou muito o evento sobre esse viés interpretativo). Assim, um chip implantado em nosso corpo desde o nascimento poderia ser o nosso único documento de identidade. Sempre que houvesse necessidade de nos identificarmos, seriamos "escaneados" e imediatamente um banco de dados diria quem somos, que fazemos, que tipos de produtos consumimos, se estamos em débito com a receita federal, se estamos respondendo a processo criminal ou se somos foragidos da justiça.
Mas também se pode ler a experiência de Kac numa outra perspectiva, como sintoma de uma mutação biológica que deverá acontecer proximamente, quando memórias digitais forem implantadas em nossos corpos para complementar ou substituir as nossas próprias memórias. Esta última leitura é claramente autorizada pela associação que faz o artista entre a implantação de uma memória numérica em seu próprio corpo e a exposição pública de suas memórias familiares, suas memórias externas, materializadas sob a forma de velhas fotografias de seus antepassados remotos. Essas imagens que estranhamente contextualizam o evento, remetem a pessoas já mortas e que o artista nem chegou a conhecer, mas que foram responsáveis pela "implantação" em seu corpo dos traços genéticos que ele carrega desde a infância e que carregará até a morte. No futuro, ainda portaremos esses traços, ou poderemos substituí-los inteiramente por outros artificiais ou por memórias implantadas? Seremos ainda negros, brancos, mulatos, índios, brasileiros, poloneses, judeus, mulheres, homens, ou compraremos esses traços numa loja de shopping center? Neste caso, poderemos ainda compor família, raça, nacionalidade? Teremos ainda algum passado, uma história, uma "identidade" a preservar?
Até há pouco tempo, a humanidade era entendida, tanto no plano filosófico quanto no nível do senso comum, como alguma coisa que se contrapunha essencialmente às máquinas e às próteses que simulam as funções biológicas। A essência do humano parecia residir ali justamente onde robô falhava e mostrava seus limites. Mas com a evolução da robótica, o autômato foi progressivamente assumindo competências, talentos e até mesmo sensibilidades que supúnhamos específicas de nossa espécie, forçando-nos a um constante deslocamento e a uma contínua redefinição de nossa humanidade. Mais que isso: o desenvolvimento de interfaces húmidas e biocompatíveis estão viabilizando agora a inserção de elementos eletrônicos dentro de nosso próprio corpo, elementos esses que passam a fazer parte daquilo que chamamos de nós. O evento emblemático da Casa das Rosas parece sugerir que o robô, tantas vezes representado na ficção científica como um intruso, um usurpador do lugar dos homens e das mulheres, no futuro poderá estar dentro de nós, ou seja, poderá ser nós mesmos.