Foto: Nasa/ cortesia de Fernando Echeverria
Análise de amostra do magma da Lua mostrou mesmo teor de substâncias
que a Terra e água suficiente para encher o mar do Caribe
que a Terra e água suficiente para encher o mar do Caribe
Estudo revelou que interior da Lua é muito parecido com o da Terra, tornando antigas teorias mais obscuras
A Lua não é seca. Na verdade, partes do interior do satélite contêm mais água que regiões inteiras do manto da Terra. São 3,5 bilhões de bilhões de litros, água suficiente para encher o mar do Caribe, uma quantidade 100 vezes maior que o imaginado, de acordo com estudo que analisou amostras de magma contido dentro de pequenos cristais, trazidos da missão Apollo 17, há quase 40 anos.
A descoberta põe em questão a teoria mais aceita para a formação da Lua. Nela, um impacto gigante de um corpo celeste do tamanho de Marte teria colidido com a Terra e os detritos fundidos deste impacto formaram a Lua. No entanto, o grande impacto teria que ter gerado altas temperaturas, o que conflita com a nova descoberta de água no interior lunar.
“Nossos dados não excluem completamente a teoria do impacto. Só que ele não permite o alto teor de água lunar que descobrimos, já que a Lua seria o resultado da fusão quase total do material que entrou em órbita após o impacto. Porém, no vácuo do espaço, este material ficaria completamente desidratado”, explicou ao iG Erick Hauri, geoquímico do Carnegie Instituto e um dos autores do estudo publicado hoje (26) no periódico científico Science.
O mais surpreendente do estudo é que há mais semelhança entre a Lua e a Terra do que o esperado. Os resultados da análise mostram que a Lua é o único objeto em nosso Sistema Solar com teor de substâncias voláteis em seu interior tão semelhante ao manto superior da Terra.
Foto: Thomas Weinreinch/ Brown University Ampliar
Fotografia optica da amostra do magma contido em pequenos cristais
As pequenas amostras – a maior amostra de magma lunar mede 30 micrometros, menos que o diâmetro de um fio de cabelo - vieram de uma área da Lua, que tinha composição similar ao manto superior da Terra. Isto quer dizer que o nível da água no magma da Lua é semelhante ao encontrado no magma da Terra, mais especificamente nos vulcões das grandes cadeias de montanhas submersas no oceano, que se originam do afastamento das placas tectônicas - os vulcões mais produtivos da Terra.
“A água desempenha um papel importante no comportamento tectônico de superfícies planetárias, o ponto de fusão de interiores planetários, bem como a localização e estilo de erupção de vulcões do planeta”, disse Hauri.
Pólo sul lunar
O novo estudo dá ainda uma nova guinada sobre a origem do gelo detectado em crateras nos pólos lunares. No ano passado, a missão LCROSS encontrou gelo em crateras no pólo sul lunar. O estudo afirmava que a água teria vindo de fora da Lua, a partir de um cometa. No entanto, com a descoberta de que há muita água no interior da Lua, o gelo poderia vir do magma.
“Durante os eventos vulcânicos, há uma quantidade significativa de gás removido, por exemplo, a nova erupção na Islândia, a nuvem de gás veio de remoção de gás do interior da Terra. Portanto, ocorre transferência significativa do interior para a superfície, e o gás é condensado devido à baixa temperatura na superfície, se transformando em gelo”, disse ao iG Alberto Saal do departamento de Ciências Geológicas da Universidade de Brown e que também participou do estudo.
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