
A vida e os passos de um cristão renascido se assemelham à caminhada  sobre uma corda bamba. Um filho de Deus não deve pender nem para a direita nem  para a esquerda, mas cuidar para manter sempre o equilíbrio. O autor tem grande  urgência em falar com você sobre este equilíbrio tão importante para a sua vida  de fé.
Há algum tempo li a seguinte notícia:
 Falha tentativa de quebra de recorde mundial na Suíça. No sábado à  noite, depois de caminhar cerca de 600 metros sobre os cabos de sustentação do  teleférico da montanha Säntis, o equilibrista Freddy Nock, de 40 anos, teve de  desistir de sua tentativa de quebra de recorde. Por motivos até agora  desconhecidos, a vara de equilíbrio escorregou das suas mãos, de forma que ele  não pôde continuar. Nock conseguiu segurar-se no cabo e descer imediatamente  para o bondinho do teleférico que o acompanhava. O equilibrista Freddy Nock,  originário da cidade de Müllheim, no cantão de Thurgau, pretendia subir pelos  cabos do teleférico até a estação da montanha. Mas ele só conseguiu percorrer  600 metros.
A sua vida como cristão também não se parece muitas vezes com a caminhada  sobre uma corda bamba? O desfiladeiro sem fim se abre debaixo de você, e adiante  está apenas um caminho muito inseguro. Como o equilibrista, você sobe a  montanha, em direção ao Senhor. Mas você só consegue dar um passo por vez,  timidamente, num esforço extremo para não perder o equilíbrio.
  O equilibrista teve de desistir de sua tentativa de quebrar um recorde  mundial porque tinha perdido a vara de equilíbrio. Você também não conseguirá  avançar espiritualmente se perder o equilíbrio entre o legalismo e o  mundanismo.
Também para os cristãos é muito importante encontrar o equilíbrio entre  direita (legalismo) e esquerda (mundanismo). Nem um, nem outro lado é correto.  Só quando você encontrar o equilíbrio é que a glória de Jesus pode ser refletida  em sua vida: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por  espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua  própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co 3.18). Também 2  Coríntios 2.15 fala algo a respeito: “Porque nós somos para com Deus o bom  perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem”. Só que  essa glória não pode ser obtida por meio de legalismo ou amizade pecaminosa com  o mundo, mas apenas se você levar isto em conta: “Contemplai-o e sereis  iluminados, e o vosso rosto jamais sofrerá vexame” (Sl 34.5). Você brilha  assim por Jesus?
No momento em que você se sobrecarregar com atitudes legalistas ou brincar  com o pecado, a glória sairá de sua vida!
O equilibrista teve de desistir de sua tentativa de quebrar um recorde  mundial porque tinha perdido a vara de equilíbrio. Você também não conseguirá  avançar espiritualmente se perder o equilíbrio entre o legalismo e o  mundanismo.
Legalismo
O legalismo, isto é, a idéia de que é preciso contribuir de alguma forma para  a própria salvação, está profundamente arraigado no coração do homem. Isso pode  ser visto até mesmo na época dos Atos dos Apóstolos (no tempo da igreja  primitiva). Quando o carcereiro de Filipos se abriu para o Evangelho, sua  primeira pergunta foi: “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?” (At  16.30). A iniciativa de agir é totalmente humana e permeia todas as  religiões. O budismo, por exemplo, exige: “Anule-se para penetrar no eterno  nada”. O islamismo ensina: “Cumpra os mandamentos do profeta e Alá terá  misericórdia de você”. E a igreja católica diz: “Receba os sacramentos e faça o  bem, para ganhar o céu”.
Para nós, seres humanos, é difícil aceitar algo de graça ou não retribuir um  presente. Um missionário alemão teve uma experiência dessas: a fim de chamar a  atenção para o Evangelho, certo dia ele se sentou no chão no meio de um  movimentado calçadão de pedestres. Na sua frente, ele tinha um pote com moedas e  uma plaquinha que dizia: “Recebi muitos presentes, por favor, aceite um pouco”.  As pessoas passavam e sacudiam a cabeça. Era muito raro alguém criar coragem e  tirar alguma coisa do pote. Provavelmente pensavam: “Como assim, simplesmente  pegar dinheiro, sem precisar fazer nada por isso? Com certeza aí tem alguma  pegadinha. Acho que ele está só querendo se divertir às nossas custas”.
  A iniciativa de agir é totalmente humana e permeia todas as religiões. O  budismo, por exemplo, exige: “Anule-se para penetrar no eterno nada”.
E o céu? Ele pode ser obtido de forma gratuita! Alguém pagou o ingresso na  cruz do Gólgota. Você não precisa fazer nada. Não é preciso jejuar nem praticar  exercícios de meditação para satisfazer a Deus. Basta aceitar a oferta!
Mas, infelizmente, muitas pessoas se esforçam; elaboram regras e tentam  alcançar a maior perfeição possível. Isso nem mesmo é uma atitude nova. Até na  igreja primitiva havia quem defendesse esse conceito: “Alguns indivíduos que  desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o  costume de Moisés, não podeis ser salvos” (At 15.1). Naquela época, a Igreja  de Jesus tinha só alguns anos de idade. Mesmo assim, o fantasma do legalismo já  havia conseguido espaço. Mas Paulo se opôs terminantemente a esse processo:  “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas,  conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo  Cristo. (...) Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de  festa, ou lua nova, ou sábados. (...) Se morrestes com Cristo para os rudimentos  do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não  manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e  doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais  coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de  falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a  sensualidade” (Cl 2.8,16,20-23). Ainda mais claro é o seguinte texto:  “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição” (Gl  3.10). O legalismo desvia, pois acaba com a liberdade em Cristo. Até mesmo a  glória de Jesus perde o brilho; a graça cede ao mérito próprio. A vida eterna  não é mais um presente de Deus, mas uma recompensa pelos próprios esforços.
Mundanismo
A advertência é inequívoca: “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo  constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4). Sendo cristão, brincar com o pecado  é perigoso! A corda bamba da fé não permite testes deste tipo:  “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no  caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu  prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como  árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto,  e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl  1.1-3).
  Árvore plantada junto a corrente de águas, assim é aquele que não brinca com  o pecado!
Por favor, não se engane: Deus é santo! Ele não vai e não quer aceitar um  estilo de vida pecaminoso, mesmo que este seja socialmente aceito e cultivado  por certos cristãos. É impossível cruzar a corda bamba da fé nessa falsa  liberdade: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem  semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).
Princípios
Em todo o Antigo Testamento valia a lei que Deus tinha dado a Moisés: “O  homem que praticar a justiça decorrente da lei viverá por ela” (Rm 10.5).  “Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo” (Dt  27.26). A Antiga Aliança é exigente. Ela diz: “Você deve!”
Já os cristãos são chamados para a liberdade: “Ora, o Senhor é o Espírito;  e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Co 3.17). “Para a  liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos  submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).
Liberdade
Para a igreja de Jesus vale o seguinte princípio: “Porque o fim da lei é  Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Os crentes da Nova  Aliança não estão mais debaixo da lei, mas desfrutam da liberdade em Cristo:  “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo  8.36). Liberdade é a grande manchete do Novo Testamento: livres da lei,  livres da escravidão do pecado, livres para servir a Deus da forma certa! Mas a  Bíblia adverte contra a tentação de levar uma vida pecaminosa com a desculpa de  viver em liberdade: “Como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade  por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus” (1 Pe 2.16).
Paulo enquadra a liberdade em Cristo com uma moldura que não deve ser  quebrada. Essa moldura se chama amor: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à  liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes,  servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito,  a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gl 5.13-14). O próprio  Senhor Jesus também disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos  outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo  13.34). Esse amor determina os limites.
  Liberdade é a grande manchete do Novo Testamento: livres da lei, livres da  escravidão do pecado, livres para servir a Deus da forma certa!
Entretanto, a palavra “amor” não significa o hoje tão banalizado sentimento  “eros”, mas: “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se  ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus  interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a  injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera,  tudo suporta” (1 Co 13.4-7).
Um cristão renascido, que respeita essa moldura, sabe exatamente onde estão  os limites. Isso vale em todos os sentidos: nos pensamentos, nos  relacionamentos, no trato com o cônjuge e os filhos, no lazer, etc. A Bíblia diz  a respeito: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda  a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e  vos anunciará as coisas que hão de vir” (Jo 16.13). Assim, a sua pergunta  não deve ser o que pode ou não pode ser feito, mas: “Estou permitindo que o  Espírito de Deus me guie?” O Espírito de Deus nunca ultrapassa a moldura do amor  (como descrita acima). Ele também não dá conselhos contrários à Palavra de  Deus.
Quando você aprender a viver dentro da moldura da liberdade em Cristo, o  Salmo 34.6 se tornará realidade na sua vida: “Contemplai-o e sereis  iluminados”.
Moisés ocultou seu rosto depois de ter recebido a lei. Ele fez isso como  símbolo do fato de que o brilho da lei desvanece (cf. 2 Co 3.9-13). A lei  escraviza as pessoas. Ela precisa dar lugar a algo melhor, isto é, ao Evangelho,  que leva à liberdade: “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus  são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para  viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados  no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito  que somos filhos de Deus” (Rm 8.14-16).
Liberdade divina
A liberdade só funciona se o direito do próximo for respeitado. Do contrário  haverá violência e anarquia. Paulo explica como você pode praticar a liberdade  em Cristo no seu dia-a-dia: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo  amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a  purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si  mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e  sem defeito” (Ef 5.25-27).
O seu relacionamento com Jesus deve ser como o relacionamento de duas pessoas  que casam por amor: “Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se  unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério,  mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5.31-32).
As regras da liberdade
1. Deixar
Duas pessoas que se amam do fundo do coração só têm um desejo: deixar a casa  dos pais o mais rapidamente possível. Querem estar com o parceiro que lhes  significa tudo. O amor move montanhas. Você também não deixaria seu lar por amor  a alguém? O amor já fez pessoas abdicarem de tronos e heranças. E o amor nunca é  forçado.
Quando alguém realmente ama, “deixar” não é uma obrigação, mas o mais  profundo desejo do coração.
Como cristão, você deveria se perguntar regularmente: “Eu também amo Jesus  desse jeito?” Se você fizer isso, abandonar os hábitos, amigos e locais  pecaminosos não será mais problemático. Quando o amor ardente por Jesus encher  seu coração, esse abandono será um fato. Jesus ocupa o primeiro lugar em sua  vida?
2. Unir-se
  Pessoas apaixonadas têm muita dificuldade de se desgrudar uma da outra. Você  também é tão ligado a Jesus?
Pessoas apaixonadas têm muita dificuldade de se desgrudar uma da outra. Minha  esposa e eu muitas vezes fazemos caminhadas no fim da tarde. Recentemente vimos  um casalzinho jovem durante um desses passeios. Os dois estavam tão enamorados  que não viam mais nada ao seu redor. Abraçavam-se sem querer se largar. Você  também é tão ligado a Jesus?
Namorados trocam constantemente torpedos pelo celular, acenam à distância  mesmo quando quase não se enxergam mais e conversam horas ao telefone. Você  também é tão ligado a Jesus?
  Quem está ligado a Jesus não pode estar ao mesmo tempo ligado ao mundo:  “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar  ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro” (Mt 6.24).
Quando fiquei noivo de minha esposa, ela me escrevia muitas cartas. Algumas  tinham até doze páginas. Você também é tão ligado a Jesus?
Há pouco tempo, quando visitávamos amigos, o filho do casal se despediu com  as seguintes palavras: “Vou dar uma volta com minha namorada”. Depois de uma  hora e meia eles ainda não tinham voltado. Você também é tão ligado a Jesus?
Quem está ligado a Jesus não pode estar ao mesmo tempo ligado ao mundo:  “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e  amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro” (Mt 6.24).
3. Tornar-se uma só carne
O objetivo de qualquer relacionamento é tornar-se um com o outro pela entrega  mútua. Você também se entrega assim a Jesus?
  “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que  alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado” (Ct  8.7). 
Quando duas pessoas se entregam uma à outra, isso pode gerar frutos físicos.  O mesmo vale para seu relacionamento com Jesus: quando você Lhe dá seu amor e é  um com Ele, deve haver fruto espiritual! Paulo escreve a respeito desse fruto:  “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,  bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei”  (Gl 5.22-23).
Amor e liberdade são como gêmeos siameses; são inseparáveis. Esta é uma lei  divina básica: o amor que se doa sempre pressupõe liberdade de decisão. O amor  verdadeiro só prospera onde não há pressão. O amor não pode ser forçado; no  máximo pode haver esperança, mas nunca exigência. Quando houver amor, você  experimentará o seguinte: “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os  rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor,  seria de todo desprezado” (Ct 8.7).
Você realmente ama a Jesus e está disposto a abandonar tudo, unir-se a Ele e  tornar-se um com Ele? Dê você mesmo a resposta a seu Senhor