“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices [...] são mais desejáveis do que ouro, [...] em os guardar há grande recompensa [...] Para mim vale mais a lei que procede de tua boca do que milhares de ouro ou de prata” (Salmo 19.7,10-11; Salmo 119.72).
Muhammad estava agitado e inquieto. Sua cabra travessa tinha sumido. Ao  vaguear sem rumo longe de seu rebanho e de seus amigos, o beduíno chegou a uma  caverna que ficava em posição elevada e dava frente para a costa noroeste do Mar  Morto. Por pensar que o animal desgarrado tivesse se perdido dentro da caverna,  o beduíno começou a jogar pedras pela entrada da gruta a fim de fazê-lo sair lá  de dentro. Quando ele ouviu o ruído das pedras que batiam em peças de cerâmica,  ficou intrigado. Será que lá dentro da caverna poderia haver um tesouro  escondido? Com toda a empolgação, ele correu até a entrada da caverna, porém, no  interior dela não encontrou ouro, nem prata, apenas jarros grandes e antigos ao  longo das paredes, os quais continham rolos de pergaminhos despedaçados. Ele  pensou: “pelo menos os pergaminhos de couro vão servir para fazer correias e  tiras de sandálias”. Lamentavelmente, Muhammad não conseguiu perceber a real  importância daquele momento. A teimosia de sua cabra o levara àquela que pode  ser considerada, nos tempos modernos, a maior descoberta de manuscritos: uma  incalculável reserva entesourada da Palavra escrita – os Manuscritos do Mar  Morto.
Beduínos não marcam o tempo como os ocidentais, mas assemelham-se aos seus  antepassados; sua concepção de tempo e momento está relacionada com outros  acontecimentos. Assim, não se pode datar essa descoberta com precisão. Após uma  revisão, a nova data para a descoberta do primeiro rolo de manuscritos é a de  1935 ou 1936. A partir de então até o ano de 1956, muitos outros manuscritos  foram achados. Acredita-se que esses manuscritos sejam de datas diferentes, as  quais variam do século III a.C. até o século I d.C. A maior parte deles foi  descoberta em cavernas de formação calcária em Qumran, situadas exatamente a  noroeste do Mar Morto. A maioria dos pergaminhos é escrita em hebraico; o  restante deles é escrito em aramaico e grego. Foram achados mais de 900  documentos, que correspondem a 350 obras distintas em suas múltiplas cópias.  Muitos dos escritos bíblicos e extrabíblicos estão representados em  pequeníssimos fragmentos. Só em uma caverna foram encontrados 520 textos, na  forma de 15 mil fragmentos. Como se pode imaginar, juntar todos esses pedaços de  pergaminho na sua respectiva posição para que se faça a tradução tem se  constituído numa tarefa gigantesca.
  A descoberta dos Manuscritos do Mar Morto confirma aquilo que as pessoas que  crêem na Bíblia sempre souberam, ou seja, que a Bíblia, tal qual a temos na 
atualidade, é um texto que passa nos testes de fidedignidade. Na foto: as  cavernas de Qumran.
A descoberta dos Manuscritos do Mar Morto confirma aquilo que as pessoas que  crêem na Bíblia sempre souberam, ou seja, que a Bíblia, tal qual a temos na  atualidade, é um texto que passa nos testes de fidedignidade. Apesar dos ataques  contra a Bíblia, a Palavra de Deus permanece para sempre: “O caminho de Deus  é perfeito; a palavra do Senhor é provada; ele é escudo para todos os que nele  se refugiam” (2 Samuel 22.31).
Sempre houve pessoas que questionaram a confiabilidade das Escrituras. Uma  vez que o texto foi copiado e re-copiado ao longo dos séculos, os críticos  alegam que é impossível saber-se com certeza o que os escritores bíblicos  escreveram ou queriam dizer originalmente. Os Manuscritos do Mar Morto invalidam  tal hipótese ou suposição no que se refere ao Antigo Testamento. Foram achadas  entre 223 e 233 cópias das Escrituras Hebraicas, as quais foram comparadas com o  texto atual. O único livro do Antigo Testamento que não foi encontrado nessa  descoberta é o livro de Ester. É possível que ele esteja oculto numa caverna  ainda não identificada de algum lugar isolado.
Antes dessa descoberta, os manuscritos mais antigos das Escrituras Hebraicas  datavam do século IX d.C. ao século XI d.C. Tais manuscritos constituem aquele  que é chamado de Texto Massorético, termo este originado da palavra hebraica  masorah que significa “tradição”. Os escribas judeus de Tiberíades,  denominados massoretas, procuraram meticulosamente padronizar o texto  hebraico e sua pronúncia; a obra que realizaram ainda é considerada uma  referência confiável nos dias de hoje. Os manuscritos de Qumran são, no mínimo,  mil anos mais antigos que o Texto Massorético. Na realidade, esses manuscritos  são até mesmo mais antigos que a Septuaginta, uma tradução grega do Antigo  Testamento elaborada no Egito durante o período de 300 a 200 a.C.
Comparações minuciosas têm sido feitas entre o Texto Massorético e os  Manuscritos do Mar Morto. Encontraram-se diferenças insignificantes de  ortografia e gramática. Os críticos e céticos em relação à Bíblia ficaram  surpresos quanto à maneira pela qual o texto daqueles manuscritos se assemelha  ao texto atual. Eles não encontraram nenhuma objeção evidente às principais  doutrinas das Escrituras Sagradas. A parte bíblica da literatura descoberta em  Qumran confirma o estilo de expressão verbal e o significado do Antigo  Testamento que temos em nossas mãos na atualidade: “Examinais as Escrituras,  porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”  (João 5.39).
Além das cópias das Escrituras do Antigo Testamento, as cavernas do Mar Morto  também nos proporcionaram outras obras escritas. Esses documentos descrevem o  estilo de vida e as crenças da misteriosa comunidade que viveu na região de  Qumran. Embora não sejam escritos bíblicos, são registros valiosos que  possibilitam a compreensão do contexto de vida e da cultura na época do Novo  Testamento. Infelizmente os estudiosos dão mais atenção a essas obras de menor  relevância do que às Escrituras, ainda que os textos bíblicos sejam mais  importantes para os problemas da vida, pois o legítimo plano de Deus para a  redenção da humanidade só se encontra no texto da Bíblia.
Uma Exatidão Maravilhosa
O Manuscrito do Livro [i.e., rolo] de Isaías encontrado na caverna 1 da  região de Qumran oferece um sensacional exemplo da transmissão exata do texto na  tradução. Acredita-se que esse extraordinário manuscrito date de cem anos antes  do nascimento de Jesus Cristo. Foi um manuscrito semelhante a esse que Jesus  utilizou na sinagoga da aldeia de Nazaré, quando leu a seguinte passagem das  Escrituras: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para  evangelizar os pobres” (Lucas 4.18; Isaías 61.1). Ele continuou a leitura  até determinado ponto. Em seguida, devolveu o livro [i.e., rolo] ao assistente  da sinagoga e se sentou. Enquanto todos tinham os olhos fitos em Jesus, Ele  declarou que aquela porção das Escrituras acabara de se cumprir diante dos  ouvintes. Dessa forma, Jesus afirmou claramente ser Ele mesmo o Messias de Deus,  vindo ao mundo para conceder a salvação a todo aquele que O receber.
A mesma passagem bíblica traduzida diretamente a partir do Manuscrito do  Livro de Isaías descoberto em Qumran (o qual é cerca de mil anos mais antigo  do que o manuscrito hebraico [i.e., o Texto Massorético] no qual se basearam as  outras traduções), é praticamente idêntica: “O Espírito do Senhor Deus está  sobre mim, porque YHVH [N. do T., o tetragrama sagrado em hebraico que se  refere ao nome supremo de Deus: Yahveh ou Javé] me ungiu para  pregar as boas novas aos quebrantados”. A integridade da reivindicação de  Cristo, conforme está escrita em nossas Bíblias, se confirma.
É fascinante que os manuscritos achados com mais freqüência em Qumran, sejam  completos, sejam na forma de pequenos fragmentos, referem-se aos mesmos livros  da Bíblia geralmente citados no Novo Testamento: Deuteronômio, Isaías e Salmos.  Tal fato desperta um interesse ainda maior à luz das próprias palavras de Jesus  concernentes às Escrituras Hebraicas:
“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei,  estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na  Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas 24.44).
Muitos outros exemplos poderiam ser citados. O fato principal acerca da  Bíblia e desses rolos de manuscritos resume-se naquilo que um grande expositor  das Escrituras, o inglês G. Campbell Morgan (1863-1945), certa feita  compartilhou: “Não existe vida nas Escrituras em si mesmas, porém, se seguirmos  a direção para onde as Escrituras nos levam, elas nos conduzirão até Ele e assim  encontraremos a vida, não nas Escrituras, mas nEle através delas”.[1]
“Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece  eternamente” (Is 40.8).
Infindáveis argumentações e debates têm surgido acerca desses manuscritos.  Contudo, os crentes em Cristo podem estar certos de que tais manuscritos  bíblicos antigos ratificam, apóiam e dão credibilidade à Bíblia que temos nos  dias de hoje. A Palavra de Deus continua a ser a única fonte legítima da fé e da  doutrina para todo aquele que busca recompensa eterna.
“São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são  mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta  o teu servo; em os guardar, há grande recompensa” (Salmo 19.10-11).
Sendo assim, pobre Muhammad! Ele tinha esperança de encontrar os tesouros  deste mundo, mas achou apenas pergaminhos despedaçados que só prestavam para  fazer correias de sandálias! Lamentavelmente o lucro deste mundo é uma  prioridade que absorve a pessoa completamente. O mundo considera as Escrituras  Sagradas como algo sem valor; ou com alguma utilidade, de vez em quando, para  serem citadas como “palavras da boca pra fora”, mas nunca para serem aceitas  pela fé e praticadas. Todavia, nós, os salvos em Cristo, temos um conhecimento  mais apurado. Temos conhecimento suficiente para não desprezar o tesouro  verdadeiro e incalculável que só pode ser descoberto quando se faz uma escavação  no solo da Palavra de Deus:
“E, se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, se  buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares,  então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus”  (Provérbios 2.3-5). (Peter Colón - Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br)
A Mais  Antiga das Antigüidades
A cópia mais antiga das Escrituras do Antigo Testamento conhecida até o dia  de hoje foi descoberta em 1979. São dois minúsculos rolos de manuscritos feitos  de prata, que eram usados como talismãs e foram descobertos dentro de um túmulo  em Jerusalém. O texto de sua inscrição foi cunhado em hebraico antigo. O  manuscrito, surpreendentemente, continha uma citação da benção sacerdotal  registrada em Números 6.24-26:
“O Senhor te abençoe e te guarde;o Senhor faça resplandecer o rosto sobre  ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a  paz”.
A inscrição data do século VII a.C., por volta da época do templo de Salomão  e do profeta Jeremias. Portanto, esses versículos, provenientes do quarto livro  da Torah [i.e., do Pentateuco], são cerca de 400 anos mais antigos  do que os Manuscritos do Mar Morto.
Nota:
- Citado na obra de Leon Morris, The Gospel According to John, Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1971, p. 331, nota 116
 



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